As muitas caras da Poesia

1.28.2012

VERSIFICAÇÃO, PÍLULAS POÉTICAS TODOS OS DIAS


"Depois de longo e tenebroso..." , essa expressão lembra minha voinha, mas se aplica bem aqui , depois de muito tempo, mais uma postagem, dessa vez alguns poucos exercícios de versificação para ajudar na aprendizagem das primeiras aulas desse ano, em uma semana publico o gabarito. não esqueçam de comentar, blog é interação e só assim vale.


01. Assinale a alternativa em que o primeiro verso é um decassílabo.

(A) fruto, depois de ser semente humilde e flor,
Na alta árvore nutriz da vida, amadureço.
(B) A dor de quem recorda os tempos idos
Fere como um punhal envenenado
(C) Já a lágrima triste choraram teus filhos.
Teus filhos que choram tão grande tardança
(D) Índio gigante adormecerá um dia.
Junto aos Andes por terra era prostrado.

02. Colar de Carolina

Com seu colar de coral,
Carolina
Corre por entre as colunas
Da colina
O colar de Carolina
Colore o colo de cal,
Torna corada a menina
E o sol, vendo aquela cor
Do colar de Carolina
Põe coroas de coral
Nas colunas da colina

Pode-se afirmar a respeito do texto:

(a) São versos para crianças, tratando-se portanto, de literatura de caráter didático.
(b) todas as palavras estão empregadas em sentido denotativo, o que por vezes acontece em textos poéticos.
(c) Os versos não têm valor estético porque não exprimem um pensamento profundo.
(d) As sonoridades dos vocábulos foram habilmente manipuladas, o que revela o virtuosismo do autor.
(e) É uma composição tipicamente modernista, visto que os versos não têm medida certa nem rima.

03. CANÇÃO AMIGA

Eu preparo uma canção

Em que minha mãe se reconheça,
Todas as mães se reconheçam
E que fale com dois olhos
Caminho por uma rua
Que passa em muitos países
Se não me vêem, eu vejo
E saúdo velhos amigos
Eu distribuo um segredo
Como quem ama ou sorri
Dois carinhos se procuram
Minha vida, nossa vida
Formam um só diamente.
Aprendi novas palavras
E tornei outro mais belas.
Eu preparo um canção
Que faça acordar os homens
E adormecer as crianças.
(Carlos Drummond de Andrade)

Observando a métrica do texto proposto, conclui-se que predominam versos:

a)hexassílabos
b) octossílabos
c)decassílabos
d)heptassílabos
e)eneassílabos

04.
"De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encanto mais meu pensamento".
(Soneto da Felicidade - Vinícius de Morais)

Sendo a primeira estrofe de um soneto, o texto acima

a) é obrigatoriamente de quatro versos.
b) pode ser de três ou quatro versos
c) poderia ter sido escrito em intuir liberdade quanto ao número de versos
d) necessita de outra estrofe de quatro versos par terminar a poesia
e) necessita de outra estrofes de três versos para terminar a poesia.

05. Para cada poema, faça a escansão dos versos, nomeando-os de acordo com a quantidade de sílabas poéticas. Classifique também as rimas, quanto à posição.

Vaso Chinês
Estranho mimo aquele vaso! Vi-o,
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármor luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado.

Fino artista chinês, enamorado,
Nele pusera o coração doentio
Em rubras flores de um sutil lavrado,
Na tinta ardente, de um calor sombrio.

Mas, talvez por contraste à desventura,
Quem o sabe?... de um velho mandarim
Também lá estava a singular figura.

Que arte em pintá-la! A gente acaso vendo-a,
Sentia um não sei quê com aquele chim
De olhos cortados à feição de amêndoa.
(Alberto de Oliveira)

I Juca Pirama
No meio das tabas de amenos verdores,
Cercadas de troncos — cobertos de flores,
Alteiam-se os tetos d’altiva nação;
São muitos seus filhos, nos ânimos fortes,
Temíveis na guerra, que em densas coortes
Assombram das matas a imensa extensão.
(...)
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi:
Sou filho das selvas,
Nas selvas cresci;
Guerreiros, descendo
Da tribo tupi.
Da tribo pujante,
Que agora anda errante
Por fado inconstante,
Guerreiros, nasci; Sou bravo, sou forte,
Sou filho do Norte;
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi.

“ Te dei o sol, te dei o mar
Pra ganhar seu coração
Você é raio de saudade
Meteoro da paixão
Explosão de sentimentos
Que eu não puder acreditar
Ah! como é bom poder te amar”. (Luan Santana – isso não é literário )

“Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas (…) (Chico Buarque – isso sim, literário)

“Quando se ama não é preciso entender o que se passa lá fora, pois tudo passa a acontecer dentro de nós”.

“Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões,
eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente”.
Clarice Lispector

7.04.2011

Questões sobre "A VIAGEM..."


A proposta é, depois de longuíssima ausência, postar algumas questões objetivas sobre o livro A Viagem do Elefante, do mestre Saramago. Sempre, sempre os comentários são indispensáveis. Depois do povo poder observar, eu faço a correção, ou se alguém desejar colaborar , será profundamente bem vindo.

01. Uma das características mais marcantes na obra de Saramago é a historicidade. Frágil em A Viagem do Elefante, ela não deixa de aparecer. tal fato ocorre na alternativa:

(A) O primeiro passo da extraordinária viagem de um elefante à áustria que nos propusemos a narrar foi dado nos reais aposentos da corte portuguesa, mais ou menos a hora de ir pra cama.
(B) A seu lado está sentada a formosíssima esposa, a arquiduquesa maria, em cujo rosto e corpo a beleza não irá durar muito porque parirá nem mais nem menos que dezesseis vezes
(C) O elefante morreu quase dois anos depois, outra vez inverno, no último mês de mil quinhentos e cinquenta e três.A causa da morte não chegou a ser conhecida
(D) Senhor padre, deus é um elefante. O padre suspirou de alívio, era preferível isto a ter caído o telhado...
(E) Ainda demoraram quase uma hora a entrar na vila, uma caravana de homens e animais perdidos de cansaço, que mal tinham forças para levantar o braço

SEGUNDA QUESTÃO, Depois das aulas de terça

2. Sobre a narrativa "A Viagem do elefante" de J. Saramago:

(A) Trata-se de uma narrativa histórica enfocando os avós de D. Sebastião e sua influência no mito em que se transformará o neto
(B) Trata-se de uma narrativa histórica que relata o seculo XVI e os aparatos tecnólogicos, apesar de poucos, que ajudaram na viagem de Salomão, de Lisboa ate Viena
(C)Trata-se de uma narrativa alegórica em que a viagem real de Salomão é usada como metáfora da vida humana que invariavekmente acaba em morte
(D) trata-se de uma narrativa alegórica que demonstra que a passagem de Salomão por essa terra produziu tantas maravilhas quanto a passagem de um santo
(E) trata-se de uma mistura de história e alegoria no qual predomina o lado histórico demonstrando as relações diplomáticas entre Portugal e Áustria

TERCEIRA questão. após a aula de QUARTA, manhã...

03. Observe o trecho:
Nessa mesma tarde, dois pombos-correios, um macho e uma fêmea, levantaram voo da basílica em direção a trento levando a notícia do portentoso milagre.Porquê a trento e não a roma, onde se encontra a cabeça da igreja, perguntar-se-á
Sobre o "milagre" citado, é correto...

(A) ocorre em Viena, onde Salomão salva uma menina de cinco anos de ser esmada por ele mesmo
(B) Ocorre no caminho para castelo Rodrigo, no qual Salomão, herdeiro de Ganescha, reconcilia portugueses e austríacos
(C) Ocorre na cidade de Trento, na itália e aumenta a eficácia do concílio religioso que ocorria no local
(D) ocorre diante da catredral de Pádua e é planejado com objetivo específico.
(E) ocorre , ainda em território português e encerra a luta entre portugueses e italianos sobre a origem de santo Antônio.

QUARTA questão, atrasada, deveria ser na sexta, mas vim deitar na rede em Salinas, estou devendo a quinta, ainda sai hoje:
04. A narrativa alegórica " a viagem do elefante", coloca, até no título, o elefante Salomão/solimão como um personagem principal. Além dele, dividem tal status, por darem andamento às ações narrativas:

(A) O Cornaca e o Arquiduque
(B) O rei D. Joaõ III e a Arquiduquesa Maria
(C) O capitão militar português e o comandante militar austríaco
(D) Subhro e Fritz, os dois tratadores do elefante
(E) O Rei D. João III e o prefeito de Castelo Rodrigo

QUINTA questão, depois da aula de segunda pela manhã:

05. NO trecho inicial de "A Viagem do elefante", temos: < Por muito incongruente que possa parecer a quem não ande atento da importância das alcovas, sejam elas sacramentadas, laicas ou irregulares, no bom funcionamento das administrações públicas... >

Sabendo que o adjetivo incongruente quer dizer, incoerente, incompatível e conhecendo a narrativa é possível afirmar que tal incongruência é...

(A) o fato de um elefante ter um nome bíblico associado a inteligência
(B) O fato de uma decisão política ser tomada em um momento íntimo.
(C) O fato de reis portugueses, ricos e poderosos, não terem um presente mais digno pára dar que um elefante asiático.
(D) a viagem de Salomão, depois de tantos obstáculos e superações terminar, inutilmente, com a morte do protagonista
(E) Um rei poderoso como o Arquiduque da Áustria querer livrar-se de um simples elefante

SEXTA questão, ja viajando, elefante na minha "comitiva", esta será a última antes de postar as respostas e comentários, se vcs puderem coloquem as dúvidas para que eu possa ajudar a resolvê-las:

06. Após a morte de Salomão/Solimão, Subhro/Fritz...

(A) Volta para Lisboa para servir, junto ao seu amigo capitão, no real exército lusitano
(B)É demitido, já que seus serviços são inúteis, e sai de Viena ainda brigado com o arquiduque.
(C)É aceito na corte austríaca e acaba assumindo um novo papel: o de intendente do Rei.
(D) Volta a desafiar o "passo de Brenner" e dessa vez perde e acaba sua própria viagem com a morte
(E) Recebe uma recompensa do Arquiduque e apesar da vontade de retornar a Lisboa, acaba sumindo da narrativa.

Com algum atraso, causado pelos compromissos das férias vou postar agora o gabarito das questões com alguns comentários explicativos, novamente lembrando que os "teus" comentários são essenciais para minha melhora:

NA QUESTÃO 1 é importante lembrar que A VIAGEM... faz parte das narrativas alegóricas de Saramago, muito mais importantes pelo que representam, mas o lado histórico, forte em outras narrativas do ganhador do Nobel, também está presente. Neste caso, me parece que a dúvida vai se instaurar entre as alternativas B e C, já que nas outras há claros traços de suposições e preenchimentos da história com fatos apenas imaginados. Na letra B o número de filhos e a posição da Arquiduquesa ao lado do marido são fatos que podem ser comprovados historicamente, o que mostra se tratar da alternativa correta, enquanto que na letra C, o ano e mes da morte do elefante é apenas uma suposição, além da informação evasiva sobre a causa da morte.

NA QUESTÃO 2, já em parte explicada no primeiro comentário, a alternativa certa é a letra C. A viagem não é uma narrativa histórica, apesar de partir de um fato que ocorreu, a intenção é metaforizar a vida como uma viagem e isso já invalida as letras A, B e E.As maravilhas citadas na letra D assim como a comparação com a vida de um santo, não consideram o tom irônico e crítico com que o autor trata a religião.

NA QUESTÃO 3, apenas o conhecimento do enredo é capaz de te fazer encontrar a alternativa correta, que é bem simples. Há dois "milagres" feitos por Salomão, o primeiro, citado no trecho se dá diante da catedral de Pádua, na Itália, portanto a letra certa é a D, na qual também é importante lembrar que o motivo específico seria aumentar a credibilidade do povo no poder dos santos católicos e do próprio catolicismo, abalado pelo modelo luterano.

NA QUESTÃO 4, a alternativa correta é a letra A, lembrando que as principais ações da trama ocorrem envolvendo os três personagens citados, pode-se incluir ai também o capitão lusitano.

NA QUESTÃO 5, Aborda-se o início da narrativa, mostrando ironicamente o fato de algumas decisões que interferem em destinos nacionais serem tomadas em momentos tão íntimos, portanto a alternativa correta é a letra B.

Na 6 e última questão volta-se a cobrar o conhecimento do enredo o que te fará marcar sem dúvida a letra E, Subhro, após a morte de Salomão, recebe sua recompensa por trabalhos prestados e some da história, não sem antes manifestar vontade de retornar a Lisboa.

Qualquer dúvida, manda daí que terei o maior prazer em considerá-la, colabore com seus conhecimentos comentando, também será muito prazeroso poder ler.

8.31.2009

As muitas BANDEIRAS da poesia...


Uma das obras mais líricas e belas da literatura brasileira é a de Manuel e suas muitas bandeiras, por onde começar o que sempre será uma síntese? Pensei em um comentário metapoético e po que não de Drummond falando em sua forma clara ,direta

Pasárgada
Não foste embora pra Pasárgada
Não era o teu destino.
Não te habituarias lá.
Em teu território próprio, intransferível.
Nem rei, nem amigo do rei
És puramente lúcido
e dolorido homem experiente
que subjugou seu desespero
a poder de renúncia, vigília e ritmo.
(DRUMMOND, Carlos)

A ida para Pasárgada , lugar mitológico criado por Bandeira para livrar-se dos inconvenientes da doença, realmente não ocorreu, O poeta supera a doença e a transforma em poema, não sem sofrimento “ Dolorido homem”. Os livros de Bandeira fazem uma painel da angústia até a superação, passando pela auto ironia e a saudade.
Bandeira nasceu em 1886 e pertence a uma geração de simbolistas e pós-parnasianos, tem um sentimentalismo Inato e romântico.
Cinza das horas, que sempre me faz lembrar a música V'ambora, da Calcanhoto, ainda bem simbolista, é angustiado e tenta inibir o sentimento

Um lírio alvo e franzino
nascido ao por do sol, à beira d'água
numa paisagem erma , onde cantava um sino
a de nascer inconsolável mágoa....
A vida é amarga. O amor um pobre gozo...
Hás de amar e sofrer incompreendido,
triste lírio, franzino, inquieto, ansioso
frágil e dolorido...
Já em Carnaval os ritmos dançam com certa irregularidade (já moderna) e melancolia acompanhada de um humorismo destruidor.

Os sapos

Enfunando os papos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.

Em ronco que aterra,
Berra o sapo-boi:
- "Meu pai foi à guerra!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".

O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: - "Meu cancioneiro
É bem martelado.

Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.

O meu verso é bom
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.

Vai por cinqüenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A fôrmas a forma.

Clame a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas..."

Urra o sapo-boi:
- "Meu pai foi rei!"- "Foi!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".

Brada em um assomo
O sapo-tanoeiro:
- A grande arte é como
Lavor de joalheiro.

Ou bem de estatuário.
Tudo quanto é belo,
Tudo quanto é vário,
Canta no martelo".

Outros, sapos-pipas
(Um mal em si cabe),
Falam pelas tripas,
- "Sei!" - "Não sabe!" - "Sabe!".

Longe dessa grita,
Lá onde mais densa
A noite infinita
Veste a sombra imensa;

Lá, fugido ao mundo,
Sem glória, sem fé,
No perau profundo
E solitário, é

Que soluças tu,
Transido de frio,
Sapo-cururu
Da beira do rio...
Bandeira é um poeta da primeira fase moderna, a de 22, portanto há nele uma faceta rebelde, contrária a poética tradicional dos parnasianos. “Os sapos” pertence a este momento. Há uma clara referência aos poetas parnasianos e ao seu modo de fazer poesia “meu cancioneiro é bem martelado”, que vê o poema como algo saído de uma oficina e se vangloriam do fazer poético. O mais interessante é o final, as três últimas estrofes, a revelação do poeta moderno, seu lugar, seu abandono.
Em Ritmo Dissoluto, 1924, há um movimento
de regressão ao passado, procurando resgatar a memórias dos momentos, da família, das festas...

Profundamente
Quando ontem adormeci
Na noite de São João
Havia alegria e rumor
Vozes cantigas e risos
Ao pé das fogueiras acesas.
No meio da noite despertei
Não ouvi mais vozes nem risos
Apenas balões
Passavam errantes
Silenciosamente
Apenas de vez em quando
O ruído de um bonde
Cortava o silêncio
Como um túnel.
Onde estavam os que há pouco
Dançavam
Cantavam
E riam
Ao pé das fogueiras acesas?

— Estavam todos dormindo
Estavam todos deitados
Dormindo
Profundamente.

Quando eu tinha seis anos
Não pude ver o fim da festa de São João
Porque adormeci.

Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo
Minha avó
Meu avô
Totônio Rodrigues
Tomásia
Rosa
Onde estão todos eles?
— Estão todos dormindo
Estão todos deitados
Dormindo
Profundamente.
Dois momentos de um adormecer: o sono e a morte. Um poema saudosista, mais um dos lados do lirismo de Bandeira. O relato de um fato q se mistura ao sentimento é uma característica do modernismo.
Na verdade, Ritmo dissoluto, Libertinagem (1930) e Estrela da manhã (1936) pode ser considerada a trilogia modernista de Bandeira. O primeiro é a introdução do poeta na modernidade, o segundo de plena realização moderna, mais audacioso, e o terceiro a conciliação entre o novo e o velho. É a estrela ( o amor, o ideal , a poesia) da maturidade do poeta. A estrela é um símbolo que perseguirá o poeta.


Poética
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja
fora de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante
exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes
maneiras de agradar às mulheres, etc
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare

Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

Poema de LIBERTINAGEM, rebelde, defensor da liberdade, usa até mesmo a linguagem panfletária, exaltada com típica influência futurista.

O poema inicial de Estrela da Manhã, tem o mesmo nome, começa metrificado e vai se tornando livre é a conjugação.

Estrela da Manhã

Eu queria a estrela da manhã
Onde está a estrela da manhã?
Meus amigos meus inimigos
Procurem a estrela da manhã

Ela desapareceu ia nua
Desapareceu com quem?
Procurem por toda à parte

Digam que sou um homem sem orgulho
Um homem que aceita tudo
Que me importa?
Eu quero a estrela da manhã

Três dias e três noite
Fui assassino e suicida
Ladrão, pulha, falsário

Virgem mal-sexuada
Atribuladora dos aflitos
Girafa de duas cabeças
Pecai por todos pecai com todos

Pecai com malandros
Pecai com sargentos
Pecai com fuzileiros navais
Pecai de todas as maneiras
Com os gregos e com os troianos
Com o padre e o sacristão
Com o leproso de Pouso Alto
Depois comigo

Te esperarei com mafuás novenas cavalhadas
comerei terra e direi coisas de uma ternura tão simples
Que tu desfalecerás

Procurem por toda à parte
Pura ou degradada até a última baixeza
Eu quero a estrela da manhã.

BANDEIRANDO


Estou preparando um pequeno material sobre Manuel Bandeira, tá no forno, fervendo, mas antes, para pegar gosto, ritmo (tão importante para entender Bandeira)e para voltar a postar depois de uma imensa pausa, resolvi postar um poema, uma de minhas "bandeiras" mais desfraldadas
Disfarce
Vasculho tua vida com vontade,
Cada dobra, pedaço, cômodo escondido.
Remexo tua bolsa na frente de todos -
Disfarce? Ciúme? Não!
Só busco meu coração, desavergonhadamente,
Em tuas coisas, envolvido.

9.15.2008

"...Quando o 'Adorado' das gentes chegar..."




Sempre adorei água, mar, rio, ou os amazonicamente igarapés. A junção das Ba(h) ías ( a minha terra e a que banha minha outra terra) é muito linda em Belém. Esse poema é em homenagem a paisagem e principalmente ao amor (Adorado)que se inicia(ou)a beira-rio-mar-baía.

NO PIER, NA CASA, NO VENTO

Chegaste através de outra:
Outra imagem, outra boca, outro espaço.
Mas tão intensamente esmagadora,
que eu só sentia teu abraço
nos corredores do meu corpo.

A batalha começa ao vento
enquanto você me sopra, ao ouvido,
palavras de contentamento
( e me conquista tão completamente,
que as rimas voltam como um invento)

A demência da entrega
só não é maior que a exposição -
mas que medo pode haver de expor,
quando deixou as entranhas à mostra, o amor? -

Nada é tradicional em nós,
a não ser meu poema espremido no canto do copo,
no topo do corpo,
Quente que despela
a pele que, um do outro, vestíamos.

9.02.2008

Prova virtual


Olá queridas(os) alunas (os), essa é especialmente para vocês que vão realizar um pequeno exercício literário. Como sempre é importante ler com atenção e responder como se fosse um comentário ao tópico, lerei com toda atenção. Claro, a diferença é que não apenas eu estarei lendo, mas a pretensão é que sirva de modelo, nesse momento de informação global e tecnológica, além de poder ser imediatamente acessada pelos pais e interessados, vamos a ela.

Leia com atenção a estrofe a seguir:

Bem puderas, ó Sol, da vista destes,
Teus raios apartar aquele dia,
Como da seva mesa de Tiestes,
Quando os filhos por mão de Atreu comia!
Vós, ó côncavos vales, que pudestes
A voz extrema ouvir da boca fria,
O nome do seu Pedro, que lhe ouvistes,
Por muito grande espaço repetistes.

1.Ao ler a estrofe é possível dizer qual o papel da natureza presente no trecho. Explique qual é ele?
2.A referência a Tiestes e Atreu demonstra que característica clássica e para que ela serve?

Leia um trecho da peça de Gil Vicente:

Mocinha — Com cem açoites no lombo, uma carocha por capela, e atenção! Leva
tão bom coração, como se fosse em folia. Que pancadas que lhe dão! E o triste do
pregão – porque dizia:
“Por mui grande alcoviteira e para sempre degredada”, vai tão desavergonhada,
como ia a feiticeira.

3.Qual a reação de Branca Gil à prisão? Que trecho melhor comprova sua resposta?
4.O trecho se aproxima mais do lado medieval ou moderno de Vicente? Explique:

Mais um trecho Vicentino:

Velho — Que formosa! Toda a minha horta é vossa.
Moça — Não quero tanta franqueza.
Velho — Não pra me serdes piedosa, porque, quanto mais graciosa, sois crueza.
Cortai tudo, é permitido, senhora, se sois servida. Seja a horta destruída, pois seu
dono é destruído.
Moça — Mana minha! Julgais que sou a daninha? Porque não posso esperar,
colherei alguma coisinha, somente por ir asinha e não tardar.

5.A moça é interesseira? Justifique sua resposta com base no trecho
6.Explique o trecho “Julgais que sou a daninha?”

8.04.2008

Ajudando a redigir!


Vou postar uma temática redacional baseada em uma mensagem dessas comuns que circulam na rede evidenciando os erros de vestibulandos em provas de redação dos processos seletivos. A postagem é mais focada nos processos seletivos de Belém, mas nada impede lic;">que seja reaproveitada. Observe primeiro os comentários feitos na net:

PROVA DE REDAÇÃO DA UFMG
Onde vamos parar? Vejam só o que alguns dos vestibulandos foram capazes de
escrever na prova de redação da Universidade Federal de Minas Gerais, tendo
como o tema: 'A TV FORMA, INFORMA OU DEFORMA?'
A seleção foi feita pelo prof. José Roberto Mathias.

'A TV possui um grau elevadíssimo de informações que nos enriquece de uma
maneira pobre, pois se tornamos uns viciados deste veículo de comunicação'.
(Deus!)

'A TV no entanto é um consumo que devemos consumir para nossa formação,
in
formação e deformação'. (Fantástica!)

'A TV se estiver ligada pode formar uma série de imagens, já desligada
não...'(Ah bom, uma frase sobrenatural ) .

'A TV deforma não só os sofás por motivo da pessoa ficar bastante tempo
intertida como também as vista'* (Sem comentários ).

'A televisão passa para as pessoas que a vida é um conto de fábulas e com
isso fabrica muitas cabeças'* (Como é que pode ?).

'Sempre ou quase sempre a TV está mais perto denosco20(?), fazendo com que o
telespectador solte o seu lado obscuro' (esta é imbatível).

'A TV deforma a coluna, os músculos e o organismo em geral'* (É praticam
ente
uma tortura !).

'A televisão é um meio de comunicação, audição e porque não dizer de
locomoção'* (Tudo a ver).

'A TV é o oxigênio que forma nossas idéias' *(Sem ela este indivíduo não
pode viver).

'...por isso é que podemos dizer que esse meio de transporte é capaz de
informar e deformar os homens' *(Nunca tentei dirigir uma TV ).

'A TV ezerce* (Puxa!!! ) poder, levando informações diárias e porque não
dizer horárias' (Esse é humorista, além de tudo).

'E nós estamos nos diluindo a cada dia e não se pode dizer que a TV não tem
nada a ver com isso'* (Me explica isso? ).

'A televisão leva fatos a trilhares de pessoas' *(É muita gente isso,
hein?).

'A TV acomoda aos tele inspectadores' *(Socorro!!!).

'A informação fornecida pela TV é pacífica de falhas' *(Vixe!).

'A televisão pode ser definida como uma faca de trezgumes. Ela tanto pode
formar, como informar, como deformar' *(P/q/p, onde essa criatura arrumou
esta faca???).

Muito comuns esses comentários acerca dos erros dos alunos, em muitos meios de comunicação, deixando de lado aqui se há algum tipo de fabricação de erros para causar humor, o fato é que eles existem, o máximo que pode acontecer é o exagero. Você tem duas propostas a realizar:

1. Escreva uma carta argumentiva a algum desses candidatos responsáveis por uma dessas "pérolas" redacionais e identificando, não o erro,mas as possíveis causas e como evitar que se repita.
2. Componha uma dissertação discutindo até que ponto a expressão da opinião através da escrita é importante para a seleção de um futuro profissional, posicione-se.
Outras temáticas podem surgir, você, como sempre pode e deve sugerir , enviar dúvidas.Será um prazer ajudar e crescer junto.

5.26.2008

POSTAGEM "EXPRESS" - para exercitar

Da minha aldeia vejo o quanto da terra se pode ver no Universo... / Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer /Porque eu sou do tamanho do que vejo / E não, do tamanho da minha altura.. /

Nas cidades a vida é mais pequena/ Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro / Nas cidades as grandes casas fecham a vita à chave, /Escondem o horizonte,empurram o nosso olhar para longe De todo céu / Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar / E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver
QUESTÕES:
1. O eu-lírico utiliza a maiúscula alegórica. Qual um possível objetivo para tal recurso?
2.O bucolismo do poeta acaba por afastá-lo da cidade. Em que coisas o ambiente urbano prejudicaria o ser humano? Explique

Leve, leve, mosquito leve, / um vento muito leve passa / E vai-se, sempre muito leve. / E eu não sei o que penso / Nem procuro sabê-lo.

3. Identifique e comente uma característica típica do modernismo
4. Identifique e comente uma característica típica do autor

O luar quando bate na relva / Não sei que cousa me lembra / Lembra-me a voz da criada velha /Contando-me contos de fadas / E de como Nossa Senhora vestida de mendiga/ Andava à noite nas estradas/Socorrendo as crianças maltratadas.
Se eu já não posso crer que isso é verdade, / Para que bate o luar na relva?
5. Explicite a postura religiosa do eu-lirico
6. O que parece motivar a mudança de comportamento do eu-lírico?